PARA QUEM O LIVRO FOI ESCRITO E QUANDO?
O Apocalipse é um livro pastoral escrito às sete igrejas da Ásia Menor (região ocidental da atual Turquia) - 1,4. Esse dado é importante, pois mostra-nos que o livro não é um documento caído do céu, atemporal. Para entendê-lo, precisamos compreender primeiramente a mensagem que tinha para seus destinatários. Os capítulos 2 e 3 mostram-nos os problemas que essas comunidades passavam, o que justifica o envio do livro para elas.
Até algum tempo atrás havia um consenso quanto a afirmação de que os cristãos na Ásia estavam passando por perseguições e que o livro foi enviado nesse contexto. De fato, o livro fala de perseguição: o próprio João está exilado numa colônia penal em Patmos devido a perseguição religiosa - 1,9; os cristãos estão passando por tribulações: 2,9-10; morte - 2,13; 6,9. Porém hoje questiona-se que houvesse uma perseguição de caráter geral aos cristãos. O que existiria seriam problemas localizados. Seguindo este ponto de vista, o escritor veria nesses problemas esporádicos sinais de um grande confronto que estava para se dar: Estado Romano x Igreja. O Apocalipse teria, então, a função de servir como um alerta para despertar os cristãos para a realidade de que esse confronto estava começando, embora alguns não concordassem com tal postura. Dentro dessa perspectiva este livro é altamente relevante para nós. Pode ser que convivamos bem com a sociedade, com as estruturas, etc. Mas isso não revelará um certo conformismo de nossa parte? O Apocalipse serve para nos questionar em nossas posturas.
O livro surgiu quando o imperador Domiciano( imagem ao lado) , que reinou de 81 a 96 d.C., começou a exigir que todos os súditos dentro do império o adorassem como deus. Isso não constituiu problema para a população, visto que estavam acostumados com um culto politeísta, e adorar um deus a mais não seria problema. Para os cristãos não foi assim. Até então a tradição cristã era de interceder pelas autoridades - 1 Tm 2,1-2; submeter-se às autoridades - Rm 13,1-7; honrar ao rei - 1 Pe 2,17. Mas agora a situação mudara. Os cristãos não podiam dividir sua lealdade a Jesus Cristo. Portanto, ao não prestar culto ao imperador, eles estariam sendo acusados de impatriotismo. Isso foi mais intenso principalmente na Ásia Menor, onde o culto ao imperador desenvolveu-se de modo mais acentuado. O confronto estava apenas começando. Para alguns, por outro lado, ele não existia. Esses cristãos achavam que podiam adorar a Jesus e ao imperador. Eles são criticados duramente no Apocalipse. Aqui podemos ver a ligação entre o Estado e a religião. Será que hoje os dias são diferentes? Não estaremos “adorando” religiosamente nosso mundo moderno, secular, tecnológico, consumista, etc, etc???
Amanha, a 4 parte do estudo de Apocalipse - Existe uma estrutura no Apocalipse
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